quinta-feira, 23 de abril de 2009

A NOITE (Wilton Oliveira)

Tinha acabado de acordar. O mau cheiro da cama ainda estava em seu corpo. No seu bafo, a presença do vinho e do cigarro vagabundos que usara durante a noite. Suas lembranças brigavam com a terrível dor de cabeça - filha da ressaca. Entre elas, as da daquela mulher de saia azul e belos peitos. Naquele dia tinha encontrado velhos parceiros de farra. Conversa vai, conversa vem... as lembranças da juventude... as traquinagens dos tempos de escola... a fofoca do amigo corno... por fim, a embriaguez. Disso tudo lembrara, mas o rosto daquela mulher e o final da noite não vinham à sua memória.
Aliou-se ao banheiro para vencer os odores que emergiam do seu corpo, quando percebeu as marcas de unhas em suas costas. Tirou a cueca, mas antes de abrir o chuveiro ouviu o barulho da sirene, o grito da mãe, o pancada na porta e a voz do policial, dizendo: você está preso!

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