terça-feira, 11 de novembro de 2008

Édipo sujo e as equivalências (André Luiz Oliveira)

 

Como se fosse rasgando a brisa

O rosto de barba mal feita e olhos corais

Exibia o sorriso anestésico da vingança

 

Deixava entrever pés descalços no rastro firme

As narinas aguçadas experimentavam a fragrância do último ato

Sentia seu triunfo na sutileza das sonoridades matutinas

 

Queria ser aquele pássaro para esgueirar-se entre os galhos velhos

Desejava ser o réptil em atitude afirmativa e rastejante

Perdia-se em assimilações circunstanciais e antropomórficas

 

Pela primeira vez, sentia aquele prazer animalesco

Que o deixou de pernas bambas e corpo umedecido

Amava aquela anciã desgrenhada que possuíra com voracidade

 

Nem sabia a pobre senhora que seu algoz a venerava;

Que suas unhas pobres outrora havia o extraído do ventre inchado.

Seu filho–lixo lhe roubara a vida: o prazer de tê-lo jogado aos vermes.



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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sentimento das coisas

 

Me acostumei com o azul dos azuis,

Pois não houve escolha entre meus olhos-criança

Que aprenderam a olhar apenas uma face

Face à variedade sígnica que desconheci desde cedo.

 

Contentei-me com as concatenações ordinárias

Com a função do á no ar e na água do mar.

 

Acreditei no batismo gratuito das coisas

Que nem sequer se revoltarão contra seus nomes.

 

Nasci e vivo num mundo sabidamente deflorado

Mas a virgindade sobrevive casta e absoluta.

 

Ainda dizem que tenho que cumprir uma missão

Como se minha vida estivesse à venda.

 

Depois de crescido, me vem uma teoria besta

Querer capturar meu desejo com sua música oferecida:

Vá se arrombar Ave Maria!

In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti.

 


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