segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sentimento das coisas

 

Me acostumei com o azul dos azuis,

Pois não houve escolha entre meus olhos-criança

Que aprenderam a olhar apenas uma face

Face à variedade sígnica que desconheci desde cedo.

 

Contentei-me com as concatenações ordinárias

Com a função do á no ar e na água do mar.

 

Acreditei no batismo gratuito das coisas

Que nem sequer se revoltarão contra seus nomes.

 

Nasci e vivo num mundo sabidamente deflorado

Mas a virgindade sobrevive casta e absoluta.

 

Ainda dizem que tenho que cumprir uma missão

Como se minha vida estivesse à venda.

 

Depois de crescido, me vem uma teoria besta

Querer capturar meu desejo com sua música oferecida:

Vá se arrombar Ave Maria!

In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti.

 


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