segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Ares de poeta (André Luiz Oliveira)

 

A palavra é pântano.

Mergulhai, anfíbio, nessa superfície arriscada!

Se algum dos teus disfarces preservar-lhe a tez,

Dissimula mais um pouco

Sê menos rijo.

Quem sabe do bruto ser

a poesia não te reserva ternura?!



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preta-vida (andré luiz oliveira)

 

ah, pretume impregnante que me acompanha!!

de quantos enxágües forçosos não escapaste para que permaneceste vivo

                                                 [noutros pretos-cingidos iguais a mim

a quem interessa afinal não ser o alvo sobre o qual incides senão aos

                                                                  [indignos de cor?

embora, às vezes, me falte o som quando de mim precisa ouvir a

                                                   [a força de tua imagem,

te carrego deliberadamente como símbolo.

preta-vida da alegria que busco com desejo incansável,

dos sonhos da meninice branda,

daquele beijo de que tive medo ao enfrentar...

preta-cor da poesia em pele, que ora visto

mas que não desejo perder até quando olhos tiver abertos como

                                                                     [duplos círculos

preta-raça em cujo rastro sangra (pois te golpearam covardemente

                                                       [ao passar) e continua avante...

[...

que pena a situação geral não ser preta,

inundando a vida de beleza e ternura!



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